Foto: Maiara Bersch (Arquivo/ Diário) / Cadáveres de animais foram encontrados em 2016, durante ordem de despejo
Um ano e três meses depois de 25 cachorros serem encontrados mortos e em estado de decomposição em um sobrado da Avenida Medianeira, em Santa Maria, a presidente do Grupo de Apoio Santa-Mariense de Proteção Animal (Gaspa) foi indiciada por maus-tratos a animais e estelionato. Na semana passada, o delegado titular da 3ª Delegacia de Polícia, André Diefenbach, remeteu à Justiça a investigação em que aponta Elis Parode, 23 anos, como responsável pela situação encontrada no sobrado, alugado em seu nome. Esta é a terceira vez que Elis Parode é indiciada neste caso (leia mais abaixo).
De acordo com o delegado, a perícia feita pela equipe do Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) nos cadáveres dos animais apontou que os cachorros morreram de inanição e que houve canibalismo entre eles, um dos determinantes para que Elis Parode fosse acusada por maus-tratos.
- Em depoimento, ela disse tinha um cachorro, que ela disse que doou para uma família e que depois veio a morrer, um cachorro paralítico que tinha lesão na coluna e não caminhava. Ela disse que esse cachorro ela doou, que foi para um lar adotivo. Mas esse cachorro estava ali na casa, morto. O corpo desse cachorro estava dentro do box do banheiro, fechado (na casa da Avenida Medianeira) - comenta o delegado.
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Quanto ao crime de estelionato, explica o delegado, Elis foi responsabilizada porque não conseguiu comprovar que usava dinheiro de doações para os animais.A Polícia Civil chegou a essa conclusão depois da quebra do sigilo bancário da conta de Elis, além da análise de outros documentos e papeis incluídos no inquérito.
- Não há nenhuma comprovação de que ela usava dinheiro para essa ONG dos animais. Ela não tinha nenhuma forma de prestação de contas para ninguém. Então, ela "usava" teoricamente uma campanha para auxiliar animais e aproveitava o dinheiro para ela mesmo.
O delegado explica que em ambos casos - de maus-tratos e estelionato - não cabe pedido de prisão de Elis porque são crimes que têm penas menores do que 8 anos de prisão em regime fechado.
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O advogado de Elis, Roger Castro, disse que não vai se manifestar enquanto não tiver acesso aos autos do processo. Em novembro deste ano, em entrevista ao Diário, Elis argumentou que quando deixou o imóvel na Avenida Medianeira, não havia animais lá. Na versão contata por ela, os animais foram colocados no local. Ela disse que os cachorros que tinha abrigado tinham sido doados.
OUTROS INDICIAMENTOS
Em novembro de 2016, a Polícia Civil remeteu à Justiça um inquérito em que Elis Parode foi indiciada por estelionato, resultado da queixa prestada por uma pessoa que fez doações à Gaspa e se sentiu lesada. Em abril de 2017, um segundo inquérito foi concluído, e ela foi indiciada por apropriação indébita do imóvel onde os animais foram encontrados. O Ministério Público ofereceu denúncia à Justiça nestes dois casos. Em função do recesso de final de ano do Fórum não é possível saber os próximos passos do processo.
O CASO
Em 14 de setembro de 2016, um oficial de justiça e dois advogados da imobiliária responsável pelo imóvel foram até o local com uma ordem de despejo porque Elis não estaria pagando o aluguel da residência. Ao chegar ao local, encontraram 25 animais mortos em estado avançado de decomposição, sacos de ração, fezes e o sobrado em completa desordem. Na época, o laudo pericial dos técnicos do Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) confirmou que os animais morreram de fome (inanição), além disso, que houve também canibalismo.